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A moda desnuda: embalagens podem ser mais do que lixo?


Mesmo que o conceito das embalagens esteja normalmente relacionado ao produto final, a verdade é que toda indústria depende das embalagens em todas as etapas da cadeia de manufatura, já que são necessárias para transportar os materiais (brutos ou manufaturados) para as etapas seguintes do processo. A questão principal aqui é que a maior porção desses recipientes é feita de plástico e se soma ao problema atual de poluição global.


De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, o setor da moda, que compreende a criação e a produção de têxteis e vestuário, é a segunda maior atividade econômica global em atividade em termos comerciais (Mukherjee, S., 2015). Isso significa que a indústria da moda cria cadeias de valor global nas quais as diversas etapas de produção são realizadas em países diferentes, criando uma rede na qual cada transação envolvendo roupa engloba algum tipo de embalagem. Estamos falando de embalagens para o transporte de matéria-prima para a primeira etapa da cadeia, do transporte de têxteis, tinturas e rolos de fio já manufaturados para as oficinas de costura, e da distribuição dos produtos das fábricas para centros de distribuição e lojas de varejo.


Já era estimado que até 2017 as embalagens de plástico comporiam 26% do total de volume de plástico criado por ano, e que 72% dessa quantidade seria jogada fora (Fundação Ellen MacArthur, 2016). Com o caminhar da pandemia, podemos dizer que o impacto ambiental dos e-commerces na moda está piorando e que os níveis de poluição por plástico aumentam a cada dia. Além das grandes empresas, que não deram muita atenção a isso, há um grande número de marcas interessadas em reduzir os impactos negativos que têm no panorama ambiental global ao invés de focar na redução de custo. Por isso, novos materiais e embalagens inovativas estão emergindo (Caniato, F., Caridi, M., Crippa, L., & Moretto, A., 2012).


A importância crescente de criar experiências de compra memoráveis para o consumidor, como a trend do unboxing que há nas redes sociais (usando influenciadores como estratégia de marketing), também pode estar fazendo crescer a quantidade desnecessária de embalagens no mundo da moda. É hora das marcas conceberem as embalagens convencionais como o que são de verdade: apenas lixo. Através do uso de estratégias de ecodesign, as marcas devem construir um novo sistema no qual esses recipientes possam ter um significado maior do que apenas uma adição aos níveis de poluição. Talvez o problema do lixo possa ser endereçado por meio do trabalho em prol da seleção dos materiais e da escolha de fornecedores e parceiros que incorporem essa prática, além de repensar uma maneira de recuperar ou reutilizar embalagens.


Para fazer um conceito gravitar em torno da sustentabilidade, o design deve levar em consideração (WU, Y. C., & TU, J. C., 2018):


  • Evitar embalagens completamente;

  • Criar embalagens que sejam uma parte útil do produto;

  • Usar pigmentos, adesivos e tinturas não tóxicos;

  • Criar embalagens reutilizáveis;

  • Usar materiais biodegradáveis ou reciclados;

  • Usar a menor quantidade possível de materiais - escolher apenas um ou, caso mais de um seja usado, etiquetar cada um corretamente;

  • Garantir que haja informação correta sobre o descarte.

Referências:

Mukherjee, S. (2015). Environmental and social impact of fashion: Towards an eco-friendly, ethical fashion. International Journal of Interdisciplinary and Multidisciplinary Studies, 2(3), 22-35.

Ibid.

Ellen MacArthur Foundation. (2016). The new plastics economy: rethinking the future of plastics. (PDF). Ellen MacArthur Foundation, 29.

Caniato, F., Caridi, M., Crippa, L., & Moretto, A. (2012). Environmental sustainability in fashion supply chains: An exploratory case-based research. International journal of production economics, 135(2), 659-670.

WU, Y. C., & TU, J. C. (2018). A STUDY ON EVALUATION INDICATOR OF GREEN PACKAGING DESIGN. Journal of the Science of Design, 2(2), 2_63-2_72.


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