O hedonismo é uma doutrina moral que identifica o bem com o prazer, especialmente o prazer sensorial e imediato. Por outro lado, o eudaimonismo é caracterizado por ser uma justificativa para tudo que serve como meio de alcançar a felicidade. Além disso, o hedonismo busca satisfazer o prazer individual e egoísta, enquanto o eudaimonismo promove o bem-estar da comunidade de acordo com os princípios de uma economia regenerativa.
O professor Eric Beinhocker (2019), na apresentação “Novos fundamentos econômicos e morais para o Antropoceno”, organizada pela Universidade de Oxford, citou Fredric Jameson: “Alguém, uma vez, disse que é mais fácil imaginar o fim do mundo do que imaginar o fim do capitalismo”. Beinhocker apresentou um gráfico no qual projeta os problemas do sistema econômico atual, concluindo que um novo modelo é necessário, um modelo eudaemônico em que as necessidades humanas possam ser satisfeitas, sendo ao mesmo tempo sustentável para o planeta - um trade-off no modelo atual.
Beinhocker, E. (2020). A falha do sistema atual.
Francis Edgeworth, citado por Beinhocker (2019), disse, em 1881, que “o primeiro princípio da economia é que todo agente se comporta apenas por interesse próprio. [...] A concepção do homem como uma máquina de prazer pode justificar e facilitar o emprego de termos mecânicos e raciocínio matemático nas ciências sociais”. Assim, para alcançarmos a transição para uma economia eudaemônica, devemos analisar as bases do sistema atual e nos concentrarmos na moral filosófica, na teoria do comportamento e na teoria econômica, e não tanto em ideologias políticas.
Uma economia eudaemônica
Beinhocker estipula que a economia é um sistema complexo e adaptável que deve seguir os
princípios de uma economia regenerativa. Nessa direção, Uygar Özesmi (Ashoka, 2020) defende uma economia circular hiper-diversificada e sem geração resíduos. Seu ideal é “uma economia que seja como a Floresta Amazônica, em harmonia com a natureza”.
Da mesma forma, afirma que a redução da atividade econômica pode parecer insustentável, mas que o impacto ambiental positivo trouxe mais consciência sobre a necessidade de purificar nossa atmosfera. A economia foi construída em torno de um único setor industrial, então agora devemos reconstruí-la para que seja melhor para as pessoas e para o meio ambiente, de forma sustentável e justa.
A conclusão do professor Eric Beinhocker é que o objetivo da economia não é maximizar o consumo ou o crescimento do PIB, mas resolver problemas através da criação de valor. Crescimento pode ser visto como a criação de soluções melhores e inovadoras, e resolução de problemas complexos exige cooperação. Portanto, economias prósperas seriam aquelas que facilitassem a cooperação, tendo a inclusão, a justiça e a confiança como principais bases do crescimento, com o intuito de proteger o meio ambiente. Esse é o modelo de economia eudaemônica que ele propõe.
Autora: Ksenia A. Canales Adriazola.
Referências
Ashoka. (2020). Restoring the economy and environment together. Available at: <https://medium.com/change-maker/restoring-the-economy-and-environment-together-7eb1d6e1aecf> [Accessed 28/12/2020].
Beinhocker, E. (2019). New economic and moral foundations for the Anthropocene. Available at: <https://podcasts.ox.ac.uk/new-economic-and-moral-foundations-anthropocene> [Accessed 26/12/2020].
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